quarta-feira, 29 de setembro de 2010

MIGUEL


sobrinho...

irmão de matheus...
sobrinho...

filho de célio e renata...

alegria demais!
um dia tive a convicção que é possível ter apreço por alguém que nem conhecemos, que nunca vimos.
Um dia coloquei ele no colo e,
de tão pequenino,
me veio o mal jeito de envolve-lo com as mãos...
...e o melhor de tudo foi
quando abriu os olhos...
comecei a enxergar a verdadeira alegria de sentir
felicidade por saber de sua existência!
palpavel e perfeitamente iluminado!
boa vida ao MIGUEL!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Seu Caridade


Seu Caridade era um homem muito, mas muito generoso...

Morava em uma cidadezinha que só tinha uma rua, uma padaria, uma vendinha, uma igreja, uma escola e duas duzias de casas...

Cidade esta que tinha habitantes que se diziam muito religiosos,

ou pelo menos, crentes nas coisas celestiais...

Seu Caridade não trabalhava, mas ganhava trocadinhos de favor em favor.

Um dia deparou-se com uma beata que tentava andar de joelhos no caminho de sua casa até a igreja...

aquela atitude da beata seria a forma de pagar a promassa que fez a Nossa Senhora das Dores em agradecimento a uma graça recebida.

Ao ver aquela cena, Seu Caridade ofereceu ajuda...

propôs ele mesmo pagar a promessa da senhora em troca de um agrado.

Foi aí que iniciou uma série de pagamento de promessas que o levou ao desgaste...

Seu Caridade virou burro de carga de pagamento de promessas alheias!

Barba, cabelo e unha cresceram por causa de uma promessa da parteira da vila;

Passou a andar descalço para pagar a graça do pai do confeiteiro por conseguir se curar de uma forte pneumonia;

Todo dia santo, ficava sem comer para pagar a promessa da beata mais fofoqueira da cidade por ter casado sua filha com o filho do prefeito;

Toda última sexta feira de cada mês, Seu Caridade só andava de costas para pagar outra promessa de uma fulana que pedia muito para ter filha mulher e, depois de 15 homenzinhos, finalmente veio uma fêmea;

Com o passar dos anos, toda cidade colocava a fé nas costas de Seu Caridade ao ponto de fazer promessas cada vez mais estranhas pro coitado pagar....

Comer carne de sapo nas segundas feiras, ficar ao relento da madruada pelado gastando velas até o amanhecer, dar voltas na cidade ajoelhado, dormir de cabeça pra baixo durante 4 domingos e por aí vai...

Seu Caridade foi perdendo as forças e, aos poucos, foi enfraquecendo como se toda sua energia fosse tragada pelas dívidas... dívidas que nem eram suas...

Um dia, Seu Caridade amanheceu quase cego devido a uma catarata em estado bem avançado... e caiu na cama em depressão...

A cidade ficou em polvorosa e preocupada com o estado do triste homem, com medo de perderem o esteio, a cruz, o salvador das dividas alheias, resolveram fazer uma promessa a todos os santos para Seu Caridade voltar ao estado normal de cabeça e de saúde... uma promessa fortíssima, praticamente impossível de ser cumprida, mas que também seria forte o suficiente de argumentação para os santos realizarem o quase impossível... pediram para a liga celestial, prometeram que em troca da graça alcançada, construiriam a maior escada ja vista na região e subiriam até o último degrau para tocar nas nuvens, o manto da salvação, as mãos do senhor...

No terceiro dia, como num milagre, Seu Caridade acordou curado.. enxergava melhor que nunca e tinha uma saúde de touro....

Perplexa, a cidade declarou feriado e juntou todas as escadas que existiam ali e nas redondezas... a população, que não era muito grande, emendou, soldou, amarrou uma escada na outra e, todos juntos, levantaram a gigantesca arma pagadora do esteio coletivo. Mas quem iria escalar o instrumento? Quem em plena consciência haveria de pagar essa promessa? adivinha?

CARIDADE!

Fizeram tomar coragem e, quase como uma punição por ter se curado, o obrigaram a galgar cada degrau...

eram tantos degraus, de todos os tamanhos, formas e cores que nem deu para calcular a altura finita... sumia entre as nuvens do senhor!

Seu Caridade foi subindo cada vez mais... quanto mais alto ele ia, o povo ia diminuindo para ele, virando formiga, virando pó e, de cima pra baixo não dava mais para ver gente, via-se apenas terra...

o barro e o silêncio!

O tempo foi passando e o povo esperando Seu Caridade voltar... a vida voltar ao normal!

...e nada!

Passaram-se vários dias e nada de Seu Caridade descer...

Resolveram subir um por um para trazer a caridade de volta... foram subindo por ordem alfabética... mas o engraçado era que a escada suportava tanta gente... e num é que como uma coincidência, o numero de degraus deu certinho pra quantidade de gente que habitava naquela cidade! Acabaram-se os degraus, as pessoas...

nem sinal!

Até que perceberam que Seu Caridade não existia, que tudo não passava de uma criação generalizada.
Aquele homem nunca foi e nunca veio!
E as promessas nunca foram pagas de fato.

Pensaram então que enfileirados naquela escada, todos de uma só vez, seria impossível porque teria que ter alguém muito forte para segurar a tal escada lá em baixo...
um alguem para ficar de base.

Tentaram se enganar e resolveram dar continuidade ao delirio geral, preferiram acreditar que Seu Caridade estaria segurando a escada para a ascensão de todos... isso seria mais fácil do que admitir que, na verdade, não aconteceu milagre nenhum,que aqueles que pediram cura, nunca sararam;

os que pediram sucesso nunca alcançaram;

os que pediram realizações, não realizaram...

Isso porque a fé que tinham não era nos santos... a fé era nele... no SEU CARIDADE!

Assim como a consciência geral, a escada caiu e o milagre aconteceu.

O primeiro e único:

As pessoas esqueceram dos próprios umbigos e preocuparam-se com as necessidades e realizações das outras. Resolveram não pedir mais milagres divinos para não terem que pagar nada... e assim começaram a não adiquirir nem exportar dividas... os problemas foram se resolvendo mais facilmente.... a ganância morreu, o egoísmo se foi

a ignorância escafedeu!

E deram o nome desse novo estado peculiar de CARIDADE.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O CURADOR


um dia descobri que todo dia temos um motivo especial que tem a função de mudar nosso estado atual... mas nem sempre temos consciência disso... pode ser um simples ato, um simples objeto, uma simples atitude, um alguém ou até mesmo uma palavra.... chamo esse momento de mudança de "curador"... aliás, descobri o nome disso numa reunião de pacientes em tratamento contra o câncer... meu desejo era colher experiências para um possível projeto... teatro... me deparei com O CURADOR. Esse meu curador não cura doença, não tira dor, não salva vidas, nem é terapia... não é saída nem entrada... é aquele que renasce da morte... não morte como finitude... falo morte de estado mesmo.... curador vive numa busca incansavel de caminhos escondidos na escuridão... curador não muda... curador é a mudança... meu curador de hj foi por pra fora isso aqui...
e o seu?
qual foi seu curador do dia?