quarta-feira, 20 de outubro de 2010

JAI CONJOTA


oi

meu nome é Jai Conjota...

não...
não com j.

É Jai Conjota "mermo".

Conjota é o sobrenome.

Nasci e vivi a vida toda aqui "mermo".

Mossoró.

Tenho quase 85 "ano" e ja perdi as "conta"

dos "ano" que vivi sem dar uma mordidinha num

"taco" de carne.

Seja qualquer tipo de carne.
A de boi, de vaca, carneiro, cabrito, galinha assada, guisada...

nem peixe que é mais "facim" de "martigá" eu consigo.

Tudo porque fui me desdentando nessa "derrota" de tempo.
Tempo passa arrancando osso da gente.

Eu vim pra pedir.
Careço demais rapaz!
"Demai mermo".

Uma "chapa"...

Que é pra ver se eu "raigo" um gostinho duro de Charque.
Peço porque num tenho papel de boa valia que possa "comprá".

Faz é tempo que
charque só conheço o gosto chupando...
chupo até virar borracha.
Depois?
ôxe
Depois eu cuspo... Feito "chicrete".
Meu maior sonho é ter uma
Chapa!

Não me venha com "imprante" não.

Quero "mermo" e muito
é uma chapa ...
que eu possa botar só pra mastigar a carne...

Depois tirar quando bem entender...

Gosto de ser "banguelo" mermo.
Tô "custumado demai".

Gosto de beijar
com a boca vazia...

Assim o beijo desliza "meió".
Gostoso que só.
Né?

As menina gosta!

Até pra rir sem nada na boca é bom!
É mais aliviado rir sem dente podre pra mostrar.
O bom é "num" ter dente nenhum
O "rim" é mostrar uma vaga sobrando no meio da
régua branca...
"muitas vêis" encardida.

Quero tanto uma chapa!

Pra que eu quero?
Ôxe
E eu "num" já falei?
Quero pra mastigar, num falei?
Pra "raigá" e depois engolir.

Cansei viu seu homi.

Cansei de viver chupando charque.
Chupando até ela ficar branca!

Quero sim...
uma chapa.
Pra fazer o que dá saudade.
Mastigar!


domingo, 17 de outubro de 2010

a TRANSEUNTE e a ELEFANTA.


uma nasceu no bordel, na rua da Guia em plena sexta 13.

outra numa jaula tupiniquim de um circo armado na jaqueira.

uma cresceu descalça rodeada de poetas e vadios.

outra pisando em serragem de picadeiro.

uma desconhece seu deus.

outra só respeita o domador.

uma descobriu a dor.

outra superou a perda.

uma soletrou na persistência.

outra virou quadro de aviso.

uma sagrou pro alívio feminino.

outra pelo próprio castigo.

uma aprendeu a vida.

outra aprendeu o obstáculo.

uma vira pedra.

outra recebe.

ambas são estrelas da noite.

e creem num só destino:
O ENCONTRO.